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Ancestralidade reverenciada

Arte e cultura indígenas conferem personalidade a projetos e ambientes por meio de objetos, texturas e estampas

 

No design de interiores a presença de elementos e a inspiração da atmosfera da Índia é muito forte. Há uma profusão de lojas especializadas. Não há nenhum problema com a produção e o uso volumoso de itens indianos. Pelo contrário, eles fazem jus à sua fama e reúnem inúmeros atributos para isso. Apenas os utilizamos como referência comparativa em relação aos elementos de inspiração indígena nacionais. Há sim oferta, mas em uma escala bem menor.

Os fatores que explicam essa diferença são inúmeros e profundos. Vão desde questões culturais e sociais até comerciais. E especialmente demográficas. Sim. O número de indígenas está caindo, etnias são extintas, e isso torna suas produções cada vez mais raras e valiosas.

 

Casa em Trancoso, situada dentro de um jardim maduro e rodeado por planta exóticas indígenas, que fazem parte da área de conservação da UNESCO. Projeto conectado com tradições locais conta com produções de artesãos da região e itens de tribos indígenas da Amazônia. Projeto de GN Architecture (arquitetura) e Maresca Interiors (design de interiores). Foto: Marcelo Aniello. Fonte: Archdaily. 

 

Saindo um pouco deste contexto, a proposta desta matéria é apresentar a exuberância e o potencial da arte e cultura indígenas para a decoração. Mostrar como temos peças, objetos, texturas e fontes de inspiração riquíssimas, exclusivas e autorais bem aqui, na nossa “varanda”.

 

Painel ripado Escama, da Oca Brasil. Nele, gravura do artista Carybé, quadros com azulejos da Fundação Athos Bulcão e cocares indígenas. Remo, cesta e tatu esculpido em pau-brasil da Depósito Kariri. Bufê executado pela Oca Brasil, poltrona Jangada, de Jean Gillon, e mesa lateral com azulejos de Athos Bulcão (Foto Victor Affaro / Editora Globo). Fonte: Casa e Jardim.

 

 

Arte em madeira 

Galeria Moitará

 

Muitos estrangeiros em suas passagens pelo país garimpam estes itens e na volta impressionam seus pares com o ineditismo de criações nunca antes vistas. Dão personalidade a espaços e projetos com peças-chave.

 

Artesanato tradicional nordestino, esculpido por um discípulo do mestre Bezinho Kambiwa, da tribo Kambiwá. Feito em madeira maciça (imburana ou umburana, árvore típica do sertão pernambucano), retrata um animal também típico da região, o jabuti.

 

 

Escultura feita pelo artista indígena Turuza Waura que vive no território do Xingu, no Mato Grosso. Os bancos indígenas do artista são inspirados pela fauna brasileira e já foram expostos em diversos museus nacionais e internacionais. Os entalhes rústicos junto ao design inspirado na Tamanduá Bandeira do banquinho de madeira, tornam um móvel único para decorar o ambiente com personalidade. O padrão com estilo étnico dos grafismos pintados artesanalmente com tingimentos naturais, levam a essência cultura indígena para a decoração, agregando um caráter inovador e exclusivo



Esculturas tapajônicas: crenças, ideal de beleza e sofisticação

Por Arte Sintonia

A estética única atrelada ao misticismo deste artesanato brasileiro desperta interesse e o coloca como elemento diferenciador na decoração do ambiente. Assim é a arte em cerâmica tapajônica, vestígios que caracterizam a herança cultural da tribo indígena Tapajós que habitou as adjacências do rio Tapajós, à beira da atual Santarém, no Pará.

A junção de argila e cauxixi (um tipo de esponja presente nos rios da região) promove na cerâmica artesanal características similares à porcelana como durabilidade e leveza. Outras particularidades como o alto nível de detalhismo e realismo das peças e a harmonia dos elementos decorativos que reafirmam a sofisticação da arte tapajônica remetem à excelência da cerâmica chinesa e à arte barroca.

A escultura decorativa inspirada nas cerâmicas dos índios Tapajós impressionam pela singularidade estilística e levam o conceito de beleza a outro patamar. São verdadeiras expressões artísticas que valorizam os ambientes, causam impacto na decoração e incentivam a preservação das nossas raízes indígenas pelas mãos dos artesãos santarenos.

As cerâmicas tapajônicas são formadas por elementos antropozoomórficos que exaltam a fauna brasileira.

 

 

Arte plumária e trançados

Galeria Moitará

 

 

Este tapete une o aconchego da fibra natural do Arumã trançada e do apelo étnico dos desenhos geométricos baseados na rica iconografia indígena Baniwa. A paleta de cores também é influenciada pela composição tradicional das cestarias indígenas brasileiras.

 

Luminárias indígenas Baniwara feitas em fibra natural Arumã e desenvolvidas pelo designer Sergio Matos, natural de São Gabriel da Cachoeira, interior do Amazonas, na fronteira com a Colômbia e Venezuela.

 



Grafismos

A etnia indígena Pataxó representa a resistência da cultura ancestral. Residentes em diferentes aldeias ao sul da Bahia, sendo a Barra Velha a mais antiga – existente há mais de dois séculos e meio -, os índios da língua Patxohã e suas variadas pinturas corporais são a inspiração desta máscara decorativa esculpida entalhada em madeira natural. O ritual do Awê ou Toré é uma das mais antigas manifestações culturais do povo Pataxó. Esse ritual sagrado combina a preparação dos alimentos, a pintura facial e corporal, o canto e a dança na busca pelas energias positivas da natureza, bem como a união povo e a conexão com a espiritualidade ancestral.

 

Galeria Moitará

 

Quadros, um elemento de destaque

 

Casa Cor Pará 2015

 

A etnia indígena Tiriyó representa a resistência da cultura ancestral. Residentes no Brasil na faixa oeste do Parque Indígena de Tumucumaque no Estado do Pará, eles são a inspiração deste painel decorativo entalhado em madeira natural com imagem de índio Tiriyó com pena de arara no nariz para decoração de paredes. Marcada pelo uso de amarelo, vermelho e preto, colorações tradicionais da cultura obtidas de fontes naturais como argila, urucu e jenipapo, a pinturas artística do Curral da Cor destaca o simbolismo que une cada detalhe gráfico a um sentimento, condição social ou ritual.

 

 

Projeto premiado

Vencedor de três categorias do Prêmio Lusófonos de Arquitetura e Design de Interiores, o estúdio capitaneado pelo brasileiro Felipe de Almeida. Organizado pela Lisbon Awards Group (LAG) e Associação Brasileira de Designers de Interiores, o prêmio leva em consideração inovação, criatividade, conforto, sustentabilidade e modernidade.

O projeto Hall Comercial – Eterno Contemporâneo (abaixo) venceu na categoria Comércio Pequena Dimensão e foi concebido sob inspiração dos grafismos indígenas. Uma prova da riqueza artístico-cultural de nossos ancestrais.



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Onde comprar:

Arte Sintonia 

Sergio Matos (luminárias) 

Galeria Moitará 

 

 

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