Sylvia Agricola, consultora da Bossa Nova Sotheby’s, analisa o comportamento dos compradores e as mudanças no bairro
O Alto de Pinheiros, um dos bairros mais tradicionais e arborizados de São Paulo, tem passado por mudanças importantes nos últimos anos, principalmente no que diz respeito ao perfil dos compradores e ao tipo de imóveis procurados. Os últimos anos pós-pandemia trouxeram uma nova perspectiva sobre morar bem, levando muitas famílias a buscarem casas maiores e mais espaçosas, localizadas em ruas tranquilas do bairro ou em condomínios, que oferecem mais segurança.
Sylvia Agricola, consultora da Bossa Nova Sotheby’s, observa de perto essas transformações e compartilha suas impressões sobre a valorização dos terrenos e a demanda por novas opções de moradia no bairro. Para ela, a preferência por imóveis em condomínios e a busca por qualidade de vida têm sido os principais motores desse mercado. Ao mesmo tempo, a preservação do verde continua a moldar o desenvolvimento imobiliário local.
Em entrevista, a consultora detalha como essas tendências têm se consolidado em Alto de Pinheiros e oferece uma visão sobre o futuro do mercado na região. Confira!
Que tendências você vê no comportamento dos compradores de casas em Alto de Pinheiros?
A tendência no comportamento dos compradores de casas no Alto de Pinheiros é buscar conforto, qualidade de vida, segurança e infraestrutura. Após a pandemia, tivemos uma mudança no comportamento dos compradores, notadamente na preferência por casas.
Para suprir essa demanda, os investidores voltaram o olhar para os grandes terrenos da Avenida Prof. Fonseca Rodrigues, com aquelas casas enormes, para a construção de condomínios. Hoje, temos vários deles já prontos ou ainda em construção e muitos em fase de projeto. Por conta da segurança, é uma tendência forte os condomínios de casas no bairro.
Eu diria que grande parte dos clientes que buscam casas no bairro são pessoas que cresceram aqui e cujos pais ainda moram na região, por isso a preferência. Além disso, o bairro conta com o Parque Villa-Lobos, que é um grande atrativo, além de excelentes escolas, proximidade com as principais rodovias, shoppings, praças e uma gastronomia de alta qualidade.
Como a demanda por terrenos maiores e a construção de condomínios fechados têm impactado a valorização das propriedades na região?
É a lei da oferta e da procura. Como existe hoje um grande interesse dos incorporadores na construção de condomínios de casas, os imóveis localizados em grandes terrenos ou em ruas que permitem construção sofreram uma valorização.
Os condomínios estão ficando cada vez mais elaborados e sofisticados, e, consequentemente, a soma do custo do terreno para o incorporador e do investimento na construção resulta em um preço final mais alto desses imóveis, que se tornam realmente diferenciados.
Quais são os endereços mais procurados atualmente em Alto de Pinheiros e o que torna essas áreas tão atraentes para os compradores?
Para casas fora de condomínios, temos ruas nobres como a Alberto Faria e a Antônio de Gouveia Giudice, entre outras. Mas é na Av. Professor Fonseca Rodrigues que temos o maior número de condomínios.
Temos, por exemplo, condomínios cujas casas possuem piscina privativa no jardim, oferecendo um lifestyle muito agradável dentro do bairro. Alguns têm casas maiores, com quatro suítes, outros têm casas menores, com três suítes, atendendo às necessidades de cada tipo de família.
Com base nas tendências atuais e no que você tem observado no mercado, como você vê a evolução dos preços e do volume de negócios em Alto de Pinheiros nos próximos meses?
Os preços mais altos são praticados nos condomínios mais sofisticados, com um número menor de casas e terrenos maiores. Existem também aqueles com um maior número de casas e terrenos menores, que atendem a clientes que preferem um custo menor. Então, no bairro, temos vários tipos de produtos, com valores que atendem aos interesses de diferentes famílias.
Entendemos que os preços atingiram um patamar estável este ano, e o bairro de Alto de Pinheiros sempre será um dos preferidos pelas famílias que buscam qualidade de vida, portanto, sempre gerando negócios.
De que maneira o conceito de cidade-jardim e as diretrizes do Plano Diretor têm influenciado o desenvolvimento imobiliário em Alto de Pinheiros?
O Alto de Pinheiros é caracterizado por terrenos com média de 500 metros, loteados pela Cia City, com muitas árvores e praças. Muitos imóveis, porém, construídos em lotes maiores, com mais de 1.200 m², estão agora na mira dos incorporadores para a construção de condomínios. Com isso, a tendência é diminuir esse tipo de propriedade unifamiliar em um terreno imenso, rodeado de verde e muitas árvores.
Todavia, as praças e áreas verdes continuam recebendo cuidado e envolvimento da associação dos moradores do Alto de Pinheiros. Nas novas construções desses empreendimentos, há uma preocupação em preservar o verde, com a supervisão da prefeitura e subprefeitura, que são bastante rigorosas em relação à remoção de árvores. Há um esforço contínuo de preservação. Por exemplo, estão revitalizando a Praça Panamericana e replantando diversas árvores. Existe sempre o conceito de manter o verde no bairro.
Que dicas você daria para potenciais compradores que estão considerando investir em imóveis no Alto de Pinheiros neste momento?
Escolher o bairro de Alto de Pinheiros para morar seria uma opção para aqueles que buscam um lifestyle mais tranquilo, visando a reconexão com a natureza, a facilidade de serviços e boas escolas para os filhos. É a oportunidade de ter uma qualidade de vida mais saudável, aproveitando com a família as praças, o Parque Villa-Lobos e desfrutando da agradável topografia plana do bairro, com ciclovias ideais para caminhadas. Eu moro lá há 43 anos, vi tudo crescer ao redor e a carência que eu tinha antigamente, quando precisava pegar o carro para ir ao Jardins ou a outros lugares, hoje está superada, pois o bairro está completo. É um lugar onde você sente seu tempo ser muito mais bem aproveitado no dia a dia.
