Mercado

Por que investir no mercado imobiliário de luxo no exterior?

Explore o conceito de luxo internacional, com destaque para inovação em design, tecnologia e amenities

Com a globalização e a crescente busca por diversificação, o mercado imobiliário de luxo internacional tem atraído cada vez mais investidores brasileiros. Para além do retorno financeiro, adquirir um imóvel no exterior oferece uma série de benefícios que transcendem o capital. 

De acordo com André Duek, fundador da Duek Motorhomes e da Duek Realty, hoje parte do grupo ONE Sotheby’s International Realty, o mercado de luxo nos EUA, especialmente no sul da Flórida, tem se destacado pela inovação em design e pela criação de ambientes que elevam a qualidade de vida dos seus moradores. Com áreas comuns completas que incluem spas, academias, piscinas e até mesmo espaços dedicados a pets, esses empreendimentos estão moldando um novo estilo de viver o luxo.

Além de proporcionar valorização ao patrimônio, Duek destaca que o investimento em imóveis internacionais permite a expansão de um estilo de vida global, oferecendo uma experiência cultural ampla. Ele também reforça que os EUA continuam sendo o mercado mais promissor para investimentos, dada a sua solidez econômica e valorização contínua, fazendo com que o país permaneça no topo da lista de preferência dos investidores.

Confira a entrevista completa!

Como o conceito de luxo no mercado imobiliário internacional tem se reinventado nos últimos anos? Existe uma tendência global que esteja moldando a ideia de moradias de alto padrão?

André Duek: É uma questão que eu acredito bastante, principalmente quando falamos sobre essa tendência global. Cada vez mais, o design tem sido um selling point, um ponto importante de venda. Além da localização, o design realmente tem se reinventado muito. Se olharmos o skyline de Miami, por exemplo, comparando fotos de 10 anos atrás com as de hoje, a cidade está muito mais moderna. O número de prédios aumentou bastante porque o valor dos terrenos está cada vez mais alto. Antigamente, não tínhamos prédios de 70, 80 andares como temos agora, o que tem se tornado cada vez mais comum.

Outro ponto interessante é o aumento do tamanho das varandas, que estão mais extensas e largas. Algo que não era comum aqui, mas é muito popular no Brasil, é o fechamento de varandas. Até três ou quatro anos atrás, isso não existia por questões relacionadas aos furacões. Aqui, não é possível colocar um vidro comum; ele precisa ser blindado, como o que usamos nas janelas. Agora, alguns prédios começaram a ser construídos com varandas quase totalmente fechadas, cerca de 80%, deixando apenas um vão para a entrada de ar. Essas varandas já vêm com vidro anti-impacto, o que é uma tendência que acreditamos estar em crescimento.

Além de valorizar o patrimônio, investir em imóveis de luxo no exterior pode ser visto como uma forma de expandir o estilo de vida? De que maneira essas propriedades refletem um novo tipo de consumo de luxo?

AD: A geografia do sul da Flórida é muito particular. De um lado, temos o Oceano Atlântico, no meio há vários canais navegáveis e o Intracoastal, e do outro lado está o Parque Nacional Everglades, que é uma reserva florestal protegida, onde não pode haver construção. Isso gera uma questão de escassez de terra, especialmente no sul da Flórida, que é a parte mais estreita do estado. Se pensarmos na Flórida como um triângulo de ponta-cabeça, essa região sempre terá construções, mas a terra vai ficando cada vez mais escassa. Com menos terra disponível e uma demanda crescente — afinal, cerca de mil pessoas se mudam para a Flórida todos os dias —, não vejo um cenário em que essa valorização diminua.

Outro ponto relevante é o estilo de vida. A gastronomia, por exemplo, melhorou muito. Até quatro anos atrás, Miami não tinha nenhum restaurante com estrela Michelin, que são os melhores do mundo. Hoje, já são mais de 10, o que não é coincidência. Muita gente com alto poder aquisitivo tem vindo para cá, especialmente nova-iorquinos, europeus e sul-americanos, o que impulsiona o mercado de luxo. Além disso, na questão cultural, temos novos museus, o maior evento de arte do mundo, a Art Basel, e grandes eventos esportivos.

Miami está se tornando um polo para eventos esportivos de destaque. Temos a Fórmula 1, que assinou um contrato de 10 anos, a Copa do Mundo, com sete jogos previstos para a cidade. Também tivemos a final da Copa América aqui e, no próximo ano, teremos a Copa do Mundo de Clubes de Futebol. Há também o Miami Open de Tênis, que é um dos maiores eventos globais do esporte. Isso sem falar nos esportes locais, como futebol americano, beisebol e NBA.

Esses fatores, somados à presença de marcas de luxo que estão se instalando na região, tornam o sul da Flórida ainda mais atraente. Marcas como Armani, Porsche, Missoni, Aston Martin e St. Regis estão não só no mercado imobiliário, mas também em centros comerciais. O Design District, que é praticamente um shopping a céu aberto, é maravilhoso.

Quais diferenciais o mercado internacional de imóveis de luxo oferece que ainda não são amplamente explorados no Brasil? Isso inclui tecnologias, design ou até mesmo conceitos de sustentabilidade?

AD: Acredito que a principal questão sejam as amenities, ou seja, as áreas comuns. Aqui, nos condomínios de luxo, eles investem muito nisso. Vou te dar um exemplo: há um projeto chamado Turnberry Ocean Club, em Sunny Isles, que fica exatamente entre o Porsche Design Tower e o Armani Residences. Eles têm, se não me engano, seis andares dedicados apenas à parte social, com spa, restaurantes, academia, quatro ou cinco piscinas, áreas de lazer, esportes, entretenimento, salão de beleza e até espaço para pets. Isso é algo que cresceu muito por aqui nesses empreendimentos.

Vários prédios de luxo têm duas piscinas: uma voltada para o pôr do sol e outra para o nascer do sol, o que é algo pouco comum no Brasil. Esses projetos estão realmente investindo bastante em amenidades.

No que diz respeito à tecnologia, acredito que o Brasil esteja até mais avançado em alguns aspectos, embora os projetos de luxo aqui tenham tecnologia de ponta. Em relação ao design, como já comentei na primeira resposta, e à sustentabilidade, não vejo esses como grandes diferenciais. Na verdade, o Brasil está até um pouco à frente nesse quesito, e, na Europa, os projetos costumam ter uma pegada mais sustentável. Já aqui na Flórida, a sustentabilidade ainda não é uma grande prioridade.

Como o acesso a diferentes mercados imobiliários globais pode impactar a estratégia de diversificação de portfólios? Em que medida os imóveis de luxo no exterior contribuem para a segurança e a proteção de investimentos?

AD: Se olharmos para uma tendência de longo prazo, os Estados Unidos são muito mais promissores do que a Europa, que também é um mercado onde as pessoas costumam investir. Existe o mercado de Dubai, sim, mas ainda é um mercado muito pequeno e as pessoas têm certo receio, pois é relativamente novo, com apenas 10 anos de existência. Já os Estados Unidos são um mercado consolidado, a maior economia do mundo, com diversos investimentos externos. Um exemplo são os branded condos, os condomínios de marca. Primeiro, eles chegam aos Estados Unidos e depois se expandem para outros países. Aqui, no sul da Flórida, por exemplo, temos mais de 20 marcas de luxo. Recentemente, foi lançado um prédio da Dolce & Gabbana e a Mercedes também acabou de anunciar o seu.

Essas marcas preferem investir aqui porque o risco é menor, já que o mercado é mais consolidado, e isso, logicamente, impacta na estratégia de portfólio de produtos. É muito raro alguém dizer que seu primeiro investimento será em Dubai ou Portugal. Embora tenhamos clientes com investimentos nesses lugares, eles já possuem vários ativos nos Estados Unidos. A menos que a pessoa esteja se mudando para Dubai ou Portugal, o que nesse caso já não seria considerado um investimento, mas sim uma mudança de residência.

Acredito que essa tendência de diversificação continuará, com os Estados Unidos sendo a escolha número um, principalmente por causa da força da moeda e da solidez do mercado. Se analisarmos o mercado no longo prazo — 10, 20, 30 anos —, veremos que ele apresenta uma valorização média de 6% a 7% ao ano, e isso já contando com as crises que ocorrem em qualquer mercado. Dependendo da estratégia do portfólio, esse retorno pode chegar a 10% ao ano, o que, em dólares, é um retorno excelente.

Para além do retorno financeiro, o que um investidor pode ganhar ao adquirir um imóvel de luxo fora do Brasil? Estamos falando de benefícios intangíveis como status, qualidade de vida, ou até mesmo networking global?

AD: Acredito que a experiência de passar um tempo no exterior, conhecer uma cultura nova e participar de eventos seja muito valiosa. Existe uma plataforma de eventos e negócios chamada ‘Bear Nation’, da qual muitos brasileiros participam. Eles não moram aqui, mas vêm para os eventos e acabam conhecendo pessoas de perfis variados — algumas moram aqui há muito tempo, outras há pouco, algumas estão apenas investindo, enquanto outras estão de férias. São pessoas americanizadas, envolvidas em eventos sociais, esportivos e de negócios.

A questão cultural é algo muito importante. Falo por mim: comprei meu primeiro imóvel aqui em 2010 e me mudei no final de 2012, praticamente em 2013. Antes disso, eu vinha para cá em todos os feriados, comprava passagem e aos poucos fui conhecendo a cultura, até me apaixonar pelo lugar a ponto de decidir me mudar.

Ter um imóvel de férias aqui me permitiu passar mais tempo e vivenciar a vida como um morador, e não apenas como turista. Coloquei minhas filhas em um summer camp em uma escola americana por um mês para elas brincarem e aprenderem inglês. Eu também fiz um curso de inglês, e minha esposa começou a conviver com outras mulheres que já moravam aqui e tinham filhos. Assim, começamos a nos inserir na cultura americana, o que mudou bastante nossa visão.

Eu morei 40 anos em São Paulo, uma cidade gigante, cheia de informação. Se essa experiência me impactou, com toda a bagagem que eu já tinha de viagens e trabalho no exterior, imagino como deve ser para quem mora em outras capitais. Por isso, acredito que o maior ganho, além dos investimentos, é esse intercâmbio cultural.

Posts relacionados
Mercado

ATTO Pininfarina inaugura nova fase do mercado imobiliário de alto padrão

Primeiro residencial da grife italiana no Brasil une design autoral, localização estratégica e…
Ler mais
Mercado

Mercado de luxo cresce no 1º trimestre e estimula novos projetos

De acordo, com o novo relatório Snapshots mesmo com cenário global instável, setor se mantém…
Ler mais
Mercado

O que você ainda não sabe sobre as siglas que estão transformando o mercado imobiliário

Termos ganham protagonismo em São Paulo e atraem investidores atentos à diversificação de…
Ler mais