Projeto em Manhattan prevê expansão territorial para enfrentar crise habitacional e riscos climáticos

Um projeto ousado volta a colocar Nova York no centro das discussões sobre urbanismo e futuro das grandes metrópoles. Jason Barr, economista e professor da Rutgers University, apresentou a ideia de criar uma nova ilha artificial ao sul de Manhattan, batizada de New Mannahatta, referência ao nome indígena original da região.
A proposta adiciona pouco mais de 7 km² à ilha, o que representaria um aumento de 12% em seu território atual. Mais do que um avanço arquitetônico, o plano surge como resposta a duas crises que desafiam a cidade: o déficit habitacional e os impactos das mudanças climáticas.
A primeira questão é o custo da moradia, bastante conhecida dos nova-iorquinos. Em Manhattan, um apartamento de 45 m² pode ultrapassar US$ 3,7 mil mensais em aluguel. Esse desequilíbrio é agravado pelo crescimento acelerado do mercado de trabalho, entre 2010 e os anos seguintes, o número de empregos subiu 22%, enquanto a oferta de moradias cresceu apenas 4%.
Já o risco climático ganhou força no debate após a devastação causada pelo furacão Sandy, em 2012, que expôs a vulnerabilidade da cidade diante do aumento do nível do mar. Para mitigar esses riscos, a New Mannahatta seria elevada em até 4,5 metros acima do nível do oceano e cercada por cinturões pantanosos capazes de absorver tempestades.
O plano prevê capacidade para abrigar até 247 mil moradores em aproximadamente 178 mil unidades habitacionais. Além disso, a nova região contaria com parques, ciclovias, áreas de lazer e integração ao sistema de transporte público, incluindo a extensão das linhas de metrô 1 e G.
Embora audaciosa, a proposta se insere em uma longa tradição de expansão urbana em Manhattan. Desde o período colonial, a ilha foi moldada por aterros e projetos de reconfiguração territorial. A própria Battery Park City, concluída nos anos 1970, nasceu a partir de escombros do World Trade Center e de obras subterrâneas.
Com custo estimado em dezenas de bilhões de dólares e execução que poderia levar décadas, a New Mannahatta ainda está no campo das ideias. Mas, como tantos outros projetos que marcaram a história da cidade, carrega o potencial de redefinir a paisagem de Nova York e também sua forma de enfrentar os dilemas urbanos do século 21.