Com o Oscar batendo na porta, nada melhor do que passar pela história dos maiores palcos do audiovisual para entender a força da sétima arte
Ao longo do século XX e início do XXI, algumas cidades se consolidaram como capitais do cinema pela indústria cinematográfica, principalmente pela realização de festivais que ditam tendências e premiam as produções mais relevantes do cenário mundial.
A indicação de Fernanda Torres ao Oscar reacendeu a paixão dos brasileiros pelo cinema, gerando um interesse renovado pela sétima arte no país. Como era de se esperar, o reconhecimento internacional despertou um novo olhar sobre o audiovisual, incentivando a população a procurar mais sobre o mercado cinematográfico.
E não tem como falar sobre essa indústria sem citar os festivais, que servem como vitrines para cineastas renomados e emergentes, influenciando diretamente a trajetória do cinema global.
A seguir, confira um panorama das principais cidades onde o cinema é celebrado anualmente.
Cannes
Criado em 1946, o Festival de Cannes se estabeleceu como o mais prestigioso festival de cinema do mundo. Localizado na Riviera Francesa, Cannes surgiu como resposta à Bienal de Veneza, que na década de 1930 sofreu interferências políticas do regime fascista italiano. A França, desejando um evento que promovesse a liberdade artística, fundou o festival que, com o tempo, se tornou um dos grandes marcos do cinema autoral.
Ao longo das décadas, o festival premiou cineastas que redefiniram a linguagem cinematográfica, como Ingmar Bergman, Francis Ford Coppola e Quentin Tarantino. A Palma de Ouro, seu principal prêmio, é um dos mais cobiçados do mundo do cinema, frequentemente homenageando produções que desafiam convenções narrativas e estéticas.
O Brasil alcançou um marco histórico em 1962 com O Pagador de Promessas, dirigido por Anselmo Duarte, que se tornou o único filme brasileiro a conquistar o prêmio máximo do festival. Décadas depois, em 2019, Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, recebeu o Prêmio do Júri.
Veneza
O Festival de Veneza, fundado em 1932, é o mais antigo festival de cinema ainda em atividade. Parte da Bienal de Veneza, o evento surgiu com o objetivo de exibir e valorizar a arte cinematográfica em meio a um período de crescente fascínio pelo cinema europeu. Durante seus primeiros anos, o festival viu filmes de diretores como Luchino Visconti e Michelangelo Antonioni ganharem notoriedade e se tornarem uma referência para o neorrealismo italiano e o cinema de autor.
O Leão de Ouro, prêmio máximo do festival, consagrou nomes como Akira Kurosawa, Sofia Coppola e Guillermo del Toro, consolidando Veneza como um dos eventos mais importantes para a sétima arte.
Berlim
Criado em 1951, o Festival de Berlim (Berlinale) surgiu durante a Guerra Fria e rapidamente se tornou um espaço de diálogo entre produções do Ocidente e do bloco soviético. Com o tempo, o evento se consolidou como um dos mais politizados do circuito.
O Urso de Ouro, seu principal prêmio, já foi concedido a filmes que desafiaram convenções políticas e culturais, reforçando a Berlinale como um festival onde o cinema é um agente de transformação social. Nos anos mais recentes, cineastas de diversas partes do mundo utilizam o festival como uma plataforma para discutir temas urgentes e promover novas perspectivas cinematográficas.
Central do Brasil (1998), de Walter Salles, foi agraciado com o Urso de Ouro de Melhor Filme, enquanto Fernanda Montenegro recebeu o Urso de Prata de Melhor Atriz por sua atuação. Em 2008, Tropa de Elite, dirigido por José Padilha, também conquistou o Urso de Ouro.
Toronto
Considerado o termômetro do Oscar, o Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF) se estabeleceu como um dos eventos mais importantes da América do Norte. Fundado em 1976, o festival cresceu rapidamente. Diferente de Cannes e Veneza, o TIFF não possui um júri oficial para premiar seus filmes, pois a principal honraria, o People’s Choice Award, é decidida pelo público.
Diretores como Danny Boyle, Damien Chazelle e Taika Waititi tiveram seus filmes impulsionados pelo festival, que também desempenha um papel fundamental na promoção do cinema independente.
Sundance
Localizado em Utah, nos Estados Unidos, o Sundance Film Festival foi criado em 1978 por Robert Redford para incentivar produções independentes norte-americanas. Ao longo dos anos, o festival revelou cineastas como Quentin Tarantino, Darren Aronofsky e Steven Soderbergh, servindo como um dos principais pontos de encontro para novas vozes do cinema mundial.
Com um foco na originalidade e na experimentação narrativa, Sundance se tornou sinônimo de inovação cinematográfica, proporcionando espaço para produções que desafiam os modelos tradicionais da indústria.
Roterdã
O Festival Internacional de Cinema de Roterdã (IFFR), criado em 1972, é reconhecido por seu apoio a filmes experimentais e de vanguarda. Diferente de Cannes e Berlim, que possuem uma abordagem mais tradicional, Roterdã abre espaço para cineastas que buscam explorar novas formas de contar histórias, promovendo projetos que muitas vezes não encontrariam espaço nos circuitos comerciais. Se você aprecia filmes cults, fica de olho na programação deles, que você não vai se arrepender!
San Sebastián
Fundado em 1953, o Festival Internacional de Cinema de San Sebastián se tornou um dos principais festivais da Espanha e da Europa. Ao longo das décadas, ele se consolidoui como um espaço de exibição para o cinema ibero-americano, premiando diretores como Pedro Almodóvar e Pablo Larraín.
Busan
Criado em 1996, o Busan International Film Festival (BIFF) é o mais importante festival de cinema da Ásia. Localizado na Coreia do Sul, o evento acompanha a ascensão do cinema asiático no cenário global, impulsionado por diretores como Bong Joon-ho, do fenômeno Parasita (2019) e Park Chan-wook, de Oldboy (2003).
O festival tem um papel importante na descoberta de talentos asiáticos, servindo como um ponto de referência para produções que, posteriormente, ganham destaque internacional.
