Conheça a trajetória e os detalhes do projeto ‘A Resposta’ da dupla de arquitetos que escolheu focar nas experiências sensoriais
Esta semana, para o Especial CASACOR 2024, o Blog da Bossa Nova Sotheby’s conversa com a dupla de arquitetos Lucas Blaia e Bruno Moura. Formados em arquitetura, os dois se conheceram no início de suas carreiras em um escritório de design e, impulsionados pelo desejo de abrir o próprio negócio, se juntaram em 2016 para criar o projeto que deu origem ao Blaia e Moura Arquitetos. Desde então, a parceria tem sido um sucesso, acumulando mais de 80 projetos de alto padrão. Seus trabalhos são marcados por um estilo contemporâneo e clean.
Nesta entrevista, Blaia e Moura também revelam detalhes sobre sua primeira participação na CASACOR, onde foram convidados para desenvolver o projeto da loja Feira na Rosenbaum. Intitulado ‘A Resposta’, o projeto propõe uma experiência imersiva e sensorial, unindo arte, casa brasileira, Amazônia e ancestralidade, e convidando os visitantes a refletirem sobre o futuro. A dupla também discute como o tema “De Presente, O Agora” da edição de 2024 influenciou suas escolhas e destacam a importância da sustentabilidade e da responsabilidade ambiental em seus projetos. Confira a entrevista completa abaixo!
Pode nos contar um pouquinho sobre a trajetória da sua carreira?
Nos conhecemos em um escritório em que trabalhávamos juntos, na época éramos recém-formados. Como sempre tivemos o desejo de ter o nosso próprio escritório, quando surgiu a oportunidade de assinar uma obra, nos unimos em 2016 e criamos o projeto. A parceria deu muito certo, pois o cliente gostou muito e começou a nos indicar. A partir daí nasceu o Blaia e Moura Arquitetos.
Ao longo desses anos temos em portfólio mais de 80 projetos de alto padrão executados e outros 15 em andamento.
Nossos projetos têm predominância de estilo contemporâneo, clean e minimalista, mas não são datados por tendências, ou padrões únicos, mas sim, por uma mistura harmônica de elementos que não deixam em segundo plano as necessidades e desejos de quem ali habita.
Pode nos contar sobre o projeto que vocês levaram para a CASACOR?
Essa é nossa estreia na CASACOR e estamos muito honrados pelo convite. Nessa primeira participação, fomos convidados para desenvolver o projeto que abriga a loja da Feira na Rosenbaum.
O ambiente tem 55m² e, apesar de ser uma loja, não queríamos que o visitante visse apenas um ambiente comercial, mas que ele se sentisse realmente em casa. Dessa maneira, o projeto, que recebeu o nome ‘A Resposta’, foi pensado unindo quatro diferentes pilares: arte, casa brasileira, Amazônia e ancestralidade. Assim, o visitante não apenas conhece uma loja, mas também tem a sensação de estar em uma casa brasileira. Já na entrada, ele verá uma “sala de estar”, seguida de uma “sala de jantar”, que abraça a estrutura do edifício e ao fundo, são destacados os serviços e área íntima. Os materiais especificados e as próprias peças escolhidas para a loja representam a brasilidade sem deixar em segundo plano o requinte de um lar.
Além disso, instalações sensoriais e interativas proporcionam uma experiência imersiva. O espaço conta com retroprojetores com imagens e sons da floresta, além de instalação desenvolvida com correntes em toda circunferência do pilar, que servirão como ganchos para que os visitantes possam deixar a sua ‘resposta’ em relação ao tema, com a seguinte pergunta: Qual a sua resposta para o nosso amanhã?
Como vocês interpretam o tema “De Presente, O Agora” da edição de 2024 da CASACOR? Como essa temática influenciou suas escolhas e conceitos na criação do seu espaço na mostra?
Nosso ambiente tem como intuito trazer uma reflexão: Qual a sua resposta para o amanhã? Diante dos cenários extremos que o Brasil e mundo vêm enfrentando, essa provocação deve ser feita. Dessa maneira, pensamos em um projeto que fizesse a integração cuidadosa de elementos artesanais que contam histórias de gerações passadas e preservam a identidade cultural do nosso país. A natureza e o cuidado com o amanhã são a nossa resposta para o ambiente.
Considerando o convite para refletir sobre o impacto das decisões cotidianas nas futuras gerações, como você abordou a questão da sustentabilidade e responsabilidade ambiental na sua participação para a CASACOR deste ano?
Acreditamos que a sustentabilidade é algo que precisa ser pensado em todas as áreas, sobretudo na arquitetura e construção, onde ainda há muito descarte de material. No nosso ambiente a preocupação com resíduos gerados foi muito analisada. Por isso, um dos destaques do ambiente é o piso, feito de sobras de mármores, que seriam descartados. O visitante pode ver como é possível reaproveitar e pensar em soluções que não seriam aproveitadas. Além disso, utilizamos materiais, como estruturas metálicas, que, após a mostra, podem ser reaproveitadas em outras obras ou locais, gerando o mínimo de resíduo.
Qual é a sua visão sobre o papel dos profissionais da arquitetura e do design na promoção de um estilo de vida mais consciente e sustentável?
Os profissionais têm um papel crucial devido a capacidade de influenciar significativamente a maneira como os espaços são concebidos, construídos e utilizados, impactando tanto o meio ambiente quanto o bem-estar das pessoas. Em termos de sustentabilidade ambiental, arquitetos e designers podem adotar práticas que minimizem o uso de recursos naturais, como a incorporação de técnicas de construção verde, o uso de materiais sustentáveis e a maximização da eficiência energética. Isso não apenas reduz o impacto ambiental das estruturas, mas também pode resultar em economias significativas de energia a longo prazo.
Em um mundo em constante mudança, como vocês acreditam que a arquitetura pode se adaptar para enfrentar os desafios do futuro, ao mesmo tempo em que preserva a identidade cultural e promove a inovação?
Acreditamos que um dos principais passos é utilizar tecnologias como inteligência artificial como aliada, através da automação, realidade aumentada e materiais avançados para tornar os edifícios mais eficientes, seguros e sustentáveis. Isso inclui sistemas inteligentes de gestão de energia, sensores de qualidade do ar e soluções de construção digital.
E mesmo ao abraçar a inovação, é essencial que a arquitetura respeite e reflita a identidade cultural e os valores locais. Isso pode ser alcançado pela incorporação de elementos arquitetônicos tradicionais, materiais regionais e técnicas construtivas vernaculares.
E claro, participar das comunidades locais no processo de design e planejamento é crucial. Garantir que suas necessidades, aspirações e preocupações sejam consideradas pode resultar em projetos mais inclusivos, culturalmente sensíveis e socialmente sustentáveis.
Na opinião de vocês, qual é o impacto que espaços bem planejados e projetados podem ter na qualidade de vida das pessoas e no desenvolvimento sustentável das comunidades?
Espaços residenciais que são projetados para serem funcionais, esteticamente agradáveis e acessíveis podem melhorar o bem-estar físico e emocional das pessoas que os utilizam. Ambientes bem iluminados, ventilados e seguros promovem conforto e saúde mental, enquanto espaços verdes e áreas de lazer proporcionam oportunidades para relaxamento e recreação.
Ambientes urbanos bem planejados podem incentivar estilos de vida mais ativos e saudáveis, com espaços para caminhar, correr, andar de bicicleta e se exercitar ao ar livre. Além de serem inclusivos e acessíveis para todas as pessoas, independentemente de sua idade, origem étnica, capacidade física ou status socioeconômico. Isso promove a coesão social, reduz a segregação e cria comunidades mais integradas e solidárias.
Como vocês enxergam o papel da CASACOR como plataforma para promover discussões importantes sobre arquitetura, design e questões sociais, especialmente neste momento em que o tema proposto convida à reflexão sobre o presente e o futuro?
A CASACOR oferece uma oportunidade para que arquitetos e designers apresentarem suas visões e experimentarem novas ideias, materiais e tecnologias. Isso permite que o público explore e se inspire nas últimas tendências e inovações em design de interiores, arquitetura e paisagismo.
É um ambiente propício para a construção de redes profissionais e parcerias entre arquitetos, designers, marcas e instituições. Essas colaborações podem gerar novas oportunidades de negócios, troca de conhecimentos e projetos colaborativos que impulsionam a inovação e o desenvolvimento sustentável.
Por fim, qual mensagem vocês gostariam de transmitir aos jovens arquitetos e designers que estão começando suas carreiras?
Costumamos dizer que a arquitetura e o design são campos vastos e em constante evolução, por isso, mantenha-se apaixonado pelo que faz e esteja sempre aberto a aprender e explorar novas ideias, técnicas e tendências. É importante também encontrar sua voz única e sua visão pessoal, busque inspiração em diferentes fontes, mas também reconheça suas próprias experiências, valores e interesses que moldam sua abordagem ao design.
Reconheça também o poder do seu trabalho para impactar o meio ambiente e as comunidades e nunca pare de buscar aprendizado.