Provando mais uma vez que o dinheiro fala e a riqueza sussurra, um dos maiores sucessos da HBO Max trouxe de volta o termo que remete à moda minimalista dos anos 90 e separa a alta costura das grandes massas. Mas a questão é: o verdadeiro luxo não foi sempre silencioso?
Succession não deu vida ao termo quiet luxury, mas poderia muito bem ter feito. O termo significa luxo quieto, em tradução literal, e é marcado por peças produzidas por marcas mais preocupadas com a longevidade e versatilidade do que com cores vibrantes e estampas, por exemplo.
Esse estilo agrada, principalmente, a quem prefere um visual mais clean e elegante. É ideal para quem se encaixa na moda tradicional/clássica e elegante/refinada.
Succession e o guarda-roupa silencioso da família Roy
Enquanto o drama da série de prestígio da HBO é sempre exagerado, os looks de Siobhan Roy, assim como seu papel na família, permanecem consistentemente compostos, calculados e inteligentes. Dirigido pela figurinista Michelle Matland, os conjuntos de Roy exemplificam o quiet luxury desde a primeira temporada, anos antes da frase entrar no vocabulário do estilo popular.
Retratado pela atriz Sarah Snook, o estilo da personagem é sinônimo do ditado “o dinheiro fala, a riqueza sussurra”. Como a única filha do bilionário herdeiro do conglomerado de mídia, Logan Roy (Brian Cox), Shiv ostenta o guarda-roupa mais elevado em um cenário onde o luxo exagerado é abundante. Seu estilo pessoal evolui junto com seu personagem ao longo das quatro temporadas da série, muitas vezes refletindo seu estado emocional e hierarquia dentro de sua família incerta e sedenta por poder. Favorecendo marcas contemporâneas como The Row e Monse, Shiv gravita em torno de decote halter, separações de ternos e joias minimalistas.
Embora Shiv tenha vestido roupas semelhantes desde a primeira temporada de Succession, as redes sociais acham que a tendência de quiet luxury começou este ano, em parte também devido ao julgamento da atriz Gwyneth Paltrow em relação a um acidente de esqui.
O dinheiro fala, a riqueza sussurra
Aquilo que um dia conhecemos como luxo está passando por uma releitura. No instagram, é notório como o luxo genuíno de hoje é pautado mais na experiência do que na compra de um produto. Um exemplo disso é o uso de marcas como Gucci e Balenciaga por influenciadores, que utilizam desse espaço fashion apenas para produzir conteúdos, automaticamente afastando esses nomes de suas tradições.
Uma ilustração deste contraste pode ser observada em Mark Zuckerberg. Em suas aparições públicas nos eventos globais, o criador e CEO do Facebook sempre opta por roupas modestas, tal qual Steve Jobs, fundador da Apple. Ao invés da gola alta preta, assinatura de Jobs, Zuckerberg ficou conhecido pelo conjunto básico de camiseta cinza básica e calça jeans.
Quando perguntado sobre a escolha, o empresário respondeu que utilizar as mesmas roupas o ajuda a manter a concentração naquilo que é importante e, sobretudo, evita desgaste na hora de montar um look.
O que poucos sabem, porém, é que esta simples camiseta cinza em específico não é qualquer uma. Suas peças são feitas à mão pelo estilista italiano Brunello Cucinelli, conhecido pela assinatura minimalista, e cada peça sai, em média, pelo valor de R$ 1400.
A mudança para o minimalismo moderno
Até celebridades com suas próprias marcas estão se voltando para o minimalismo. O exemplo mais conhecido são as gêmeas Olsen (Mary-Kate e Ashley Olsen), que lançaram a The Row em 2006. O ponto de venda da marca é sua mistura da estética dos anos 90 com o minimalismo moderno e a alfaiataria nítida.
Já a marca Bottega Veneta de Matthieu Blazy, fez barulho nas passarelas com uma simples regata branca junto de um detalhe de couro – seja na jaqueta ou na bolsa. Adorado por sua seleção principal de agasalhos, Max Mara representa o epítome da habilidade e qualidade italiana. Os tecidos e drapeados luxuosos definem cada coleção. A marca é a ideal para quem busca por casacos forrados com seda, jaquetas de caxemira e ternos de lã quadrados.
Para a próxima temporada da moda de 2023, marcas como Miu Miu, Stella McCartney, Isabel Marant, Loewe e outros já estão confeccionando peças com menos ostentação em suas coleções.
O momento que o quiet luxury está tendo no TikTok, na TV e nos tribunais, talvez tenha demorado alguns anos para chegar no seu ápice. Passamos dois anos nos vestindo com alegria ou vestindo apenas ‘aquilo que eu quero’ depois da pandemia. O clima agora mudou para o minimalismo. E se você acredita nas previsões de tendências, acredite: esta daqui estará presente por algum tempo.
