Arquitetura e Decoração

Especial Casacor 2024: Laura Rocha oferece uma viagem pelo passado e futuro da arquitetura

A arquiteta Laura Rocha fala sobre sua participação na Casacor 2024, destacando o resgate das memórias dos anos 80 e a homenagem à família do marido, repleta de pianistas, enquanto aborda a importância do convívio familiar no tema “De Presente, O Agora”

Foto: Adriano Pacelli

Na última entrevista para o Especial Casacor 2024, a arquiteta Laura Rocha compartilha sua experiência no evento, revelando como a oportunidade surgiu através de um convite da Cosentino, empresa espanhola fabricante de lastras supercompactas. Laura detalhou o entusiasmo em trabalhar com materiais inovadores como o Silestone e a construção em steel frame, criando um ambiente que mescla modernidade com referências nostálgicas da década de 80. Através de uma homenagem à família do marido, rica em tradição musical, Rocha incorporou elementos como o piano Steinway.

Para Laura, o tema “De Presente, O Agora” representa um resgate do convívio familiar e da música, se afastando das distrações das redes sociais para valorizar momentos com amigos e familiares. Ela ressalta a provocação do tema sobre qual legado deixaremos para as futuras gerações, destacando a importância de criar espaços que promovam o bem-estar e a funcionalidade. 

Confira a entrevista completa abaixo!

Pode nos contar um pouco sobre como foi a sua participação no evento este ano? Como surgiu a oportunidade, quais foram as expectativas, etc.

Recebemos um convite da Cosentino, renomada empresa espanhola especializada em superfícies de quartzo e materiais ultra compactos, como o Silestone, conhecido mundialmente. Eles produzem lâminas ultracompactas que reproduzem mármores naturais. Fomos convidados para desenvolver um projeto na Casacor, o que consideramos uma oportunidade fantástica.

Nosso escritório atua em três áreas: arquitetura, arquitetura de interiores e decoração, com ênfase principal em projetos arquitetônicos, especialmente de casas de veraneio em locais como Boa Vista e Quinta da Baronesa. Nossa abordagem é integrada, começando pelo interior e necessidades do cliente antes de definir a estrutura externa.

O convite da empresa nos trouxe grande entusiasmo, especialmente por podermos utilizar a construção em steel frame. Construímos o ambiente do zero, utilizando steel frame para paredes, vigas e até para a estrutura do lustre. Revestimos o espaço com produtos da marca, desenvolvendo um projeto único e especial.

Participar da Casacor não estava inicialmente nos nossos planos, mas a oportunidade oferecida pela marca espanhola, empresa que temos forte parceria e utilizamos amplamente em nossos projetos, foi irresistível. Foi uma experiência extremamente gratificante.

Seu espaço contou com um pouco de Art Déco na concepção. Pode nos contar um pouco mais sobre a inspiração por trás da sua criação?

O espaço traz muitos traços da década de 80, uma época que marcou minha infância. A casa, pertencente ao meu tio, irmão da minha mãe, era um ícone do modernismo da época, com laje plana, chão de mármore preto polido e um lustre marcante. Cresci frequentando essa casa, e muitos dos materiais e elementos usados ali estão presentes no projeto.

Na década de 80, o ambiente da sala de música era comum, com instrumentos e vinis. A casa do meu tio tinha uma sala repleta de vinis, um sistema de som três em um, onde escutávamos música. Era um lugar especial para mim e inspirou minha escolha profissional pela arquitetura. Decidi trazer essas memórias à tona, recriando essa atmosfera nostálgica.

No nosso projeto, destacamos o uso exuberante do mármore, como o Dekton Khalo na bancada, que lembra o quartzito Patagônia. O chão, uma reprodução do travertino Navona, paginado com tabeiras de madeira, também remete aos anos 80, quando a combinação de madeira e mármore era típica.

O ambiente ‘Living Piano’ da Casacor é uma homenagem à família do meu marido, onde muitos são pianistas amadores, incluindo tios, tias, minhas filhas e até a bisavó. Em encontros familiares, sempre há um recital de piano, com pessoas de 7 a 97 anos tocando. Para celebrar essa tradição, trouxemos um piano Steinway de Nova York, fazendo uma homenagem a essa paixão familiar pela música, lembrando que o bisavô do meu marido era pianista no cinema mudo.

Foto: Adriano Pacelli

Como você interpreta o tema “De Presente, O Agora” da edição de 2024 da CASACOR? Como essa temática influenciou suas escolhas e conceitos na criação do seu espaço na mostra?

É um resgate do convívio familiar e social, valorizando a música erudita, o piano, os discos de vinil e o bar de drinks. Esse tema é essencial para nós agora, incentivando as pessoas a resgatarem esses momentos de interação, se afastando das telas e das redes sociais, e convidando as pessoas a voltarem a incluir salas de música e instrumentos nos projetos familiares.

O mais interessante do tema da Casacor, que ainda não recebeu muita atenção, é a provocação: além de focar no “presente, o agora” e na ancestralidade, questiona que tipo de ancestral queremos ser para as próximas gerações. O que deixaremos como legado? Quem seremos como ancestrais e qual herança cultural transmitiremos? Esse questionamento foi profundamente impactante para mim e reforça a importância do tema da Casacor.

Por fim, qual mensagem você gostaria de transmitir aos jovens arquitetos e designers que estão começando suas carreiras?

Sempre faço esse questionamento com meu time: quem vai ser o arquiteto do futuro? Para mim, o arquiteto do futuro é aquele que tem a capacidade de mudar a percepção do indivíduo.

A mensagem que deixaria para os novos profissionais, que nós, como arquitetos, temos uma missão muito maior do que apenas projetar e entregar casas bonitas. Precisamos mudar a percepção do indivíduo sobre o que é viver bem e sobre o que é uma casa para ser vivida.

O quão grande é você mudar a percepção desse indivíduo em relação ao uso de uma casa? Costumamos dizer que fazemos casas para serem vividas, não apenas para serem vistas. Eu sempre brinco que ensinar os clientes a viver bem é muito mais importante do que ter uma casa para ser vista. Se houvesse um prêmio de arquitetura para viver bem, acho que seríamos fortes concorrentes.

Vejo que, dentro do nosso mercado, 70% dos formandos em arquitetura e registrados no conselho de arquitetura são mulheres, mas nas premiações em geral, a representatividade das mulheres é muito baixa, com a maioria dos prêmios indo para homens. Muitos arquitetos, ao projetar, gostam de desafiar a engenharia, fazendo grandes balanços e casas esculturais, projetadas para ganhar prêmios. Nós não. Fazemos casas para serem vividas. O conceito de viver bem é muito presente em nossos projetos, e acabamos mudando a percepção de muita gente que quer uma casa para impressionar. Queremos que a casa seja vivida, que a atmosfera da casa impressione as pessoas, que elas se sintam bem e confortáveis, que a casa resolva suas necessidades.

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