Com o tema Casa Original, o evento propõe reflexão sobre o desejo de retorno às origens. Conheça 15 destaques da mostra e veja como visitá-la sem sair de casa
Em mais de 9.000 m² de área construída, profissionais veteranos e novos talentos apresentam 56 projetos entre casas, lofts e apartamentos, sob o tema a “Casa Original”, que promove uma reflexão sobre o desejo de retorno às origens, de buscar na ancestralidade e na simplicidade o necessário equilíbrio entre passado e futuro.
A inspiração para o conceito surgiu antes mesmo da pandemia, quando já havia uma inquietação e reflexões sobre o morar contemporâneo. O isolamento generalizado e involuntário catalisou isso. Tanto as reflexões como as criações.
“Ao longo da mostra, o público vai encontrar diversas interpretações do tema central. Seja no uso de materiais como cerâmica e carvão, das texturas naturais e na paleta de tons terrosos e suaves, que evocam a necessária suavidade e harmonia. Há muitos ambientes fluidos, que propiciam a convivência, sempre banhados de luz natural e muitas plantas, ecos da imersão que estamos vivendo nessa pandemia”, diz Livia Pedreira, presidente do Conselho Curador da Casacor São Paulo, em declaração extraída do site oficial do evento.
Um bom exemplo é “Uma Luz no Fim do Túnel”, de Felipe Morozini, artista convidado. A instalação sinestésica e imersiva é 100% sustentável e feita com materiais reaproveitáveis. Ela ocupa toda a entrada da mostra e tem o formato de um grande túnel, no qual as moradas da natureza, como colmeias, ninhos de João de Barro, cupinzeiros, conchas de moluscos e casulos, representam a casa ancestral. Painéis de led e projeções criadas pelo artista complementam a atmosfera que dá início à grande viagem proposta pelo evento.
Tendências
Mobiliário, materiais, cores, design e tecnologia. Ao olhar os ambientes da Casacor como parte de um todo é possível reunir algumas tendências.
- O acolhimento é uma sensação que inspira muitos ambientes nesta edição. Com diversas leituras, a busca por ambientes em que se possa descansar, relaxar, sentir-se abraçado, confortável se mostrou constante entre muitos profissionais.
- Materiais de origem natural e orgânica. Conectados com o tema, madeira, cerâmica, pedras, evocam a conexão com a essência e a consciência.
- Tons terrosos aparecem tanto na paleta de cores neutras representando as matizes naturais, como na paleta de cores marcantes que fogem das combinações comuns em uma convocação para a liberdade das emoções e principalmente do afeto.
- A polivalência dos ambientes também se fez bastante presente como uma expressão do morar contemporâneo.
- Espaços dedicados ao bem-estar, ao descanso, ao dolce far niente, ao meditar, onde é possível se reconectar com o essencial, recuperando energia, foco e lucidez.
- A casa como ambiente para convivência, um lugar para se desfrutar família, vivências, para receber amigos.
Visita virtual
Depois de 14 anos, a CasaCor SP está de endereço novo. Este ano a maior mostra de arquitetura, decoração, design e paisagismo da América Latina acontece no Parque Mirante, um anexo do Allianz Parque. O evento fica em cartaz até o dia 15 de novembro e os ingressos podem ser adquiridos em sua bilheteria digital.
Para quem não está em São Paulo ou não tem como fazer a visitar presencial, este ano é possível visitar todos os 56 ambientes de forma virtual com uma moderna e bem funcional tecnologia de tour 3D, que não só permite os internautas verem os espaços e detalhes, como também navegarem olhando para todos os ângulos.
Acesse a CasaCor virtualmente neste link. Na página também é possível encontrar cada ambiente separado ou então ir caminhando como se estivesse na mostra.
Grandes nomes e jovens talentos
A seguir destacamos 15 projetos desta edição, que conta com 20 profissionais estreantes, entre os grandes nomes já conhecidos do público.
Nildo José – Casa Olaria NJ+
Uma homenagem à cerâmica, que acompanha a história das civilizações desde a descoberta do fogo, permeia todo o ambiente de 200 m² do NJ+ arquitetos. Rasgos orgânicos nas paredes abrigam dezenas de peças cerâmicas de artistas brasileiros. O quarto em volume cilíndrico remete à casa-templo, que nos conecta ao que é essencial. Das peças artesanais aos tijolos, telhas e elementos decorativos, a beleza do feito a mão e do imperfeito é valorizada nos tecidos, tapetes, texturas, piso e obras de arte. As peças cerâmicas expostas no ambiente são resultado de uma extensa curadoria realizada em vários estados do país. A construção 100% seca resulta em uma casa que será desmontada com todos os materiais reaproveitados.
Leo Romano – Ateliê Deca
O arquiteto assina o ambiente da Deca com o desejo de transmitir uma sensação boa, um abraço em tempo de retomada de novo fôlego na casa, lugar de alento e proteção. “É um espaço de respiro, calmaria e suavidade, criado para parecer uma lanterna e ser um ponto iluminado na cidade”, conta. Em quase 400 m², o núcleo central de estar se abre para quatro estações que são laboratórios criativos e sensoriais do paladar, do olfato, da poesia e da criação.
Leo Shehtman – Social House
Veterano de CASACOR, o arquiteto propõe este ano um loft de linguagem jovem e masculina, representando um morador muito ligado a tecnologia e influências digitais, que usa a casa também como espaço de trabalho e produção de conteúdos como lives e podcasts. Com cores sóbrias, tons escuros, formas orgânicas e materiais que se conectam com a natureza, os 125 m² retratam um estilo contemporâneo brasileiro. A luminária La Festa delle Farfalle, de Ingo Maurer, é um dos destaques do projeto, que reúne ainda mobiliário com peças do Estúdio Mula Preta, +55design e arte de Elizabeth Cerviño.
Fernanda Rubatino – Quarto La Vie
Para sua primeira participação na CASACOR, a arquiteta trouxe elementos que fazem menção a Minas Gerais, sua terra natal. Em uma das paredes do quarto, pinturas de montanhas da artista Priscila Yoo lembram as paisagens mineiras, enquanto os brinquedos de madeira e capas de almofadas bordadas artesanalmente, tradicionais da região, complementam o décor. Destaque do projeto, uma árvore incorporada ao cantinho da leitura estende seus galhos até o teto fazendo a iluminação do ambiente e para a arte de Elka Andrello, que projeta passarinhos que se movimentam.
Melina Romano- Casa Alma Duratex
No momento em que questionamos o que nos é essencial, o Studio Melina Romano e a Duratex defendem que “o mais importante é invisível aos olhos” e apresentam uma casa que instiga as sensações para além da estética. Texturas, aconchego, cores claras e minimalismo traduzem os pilares do projeto: slowness, well-being e soulful. Ao visitar o espaço de layout fluido, é possível participar de uma experiência tecnológica personalizada que tangibiliza as sensações humanas, resultando em uma obra de arte. Nos 160 m², a ventilação cruzada e a iluminação natural, acentuadas pelas grandes janelas e claraboias, dialogam com a proposta de trazer bem-estar e conexão.
Gustavo Martins – CASA Å LEVE
Do dicionário norueguês vem a palavra que inspira o ambiente do arquiteto Gustavo Martins. Significa ‘viver’. “A Casa Å LEVE traz em seu nome o conceito do projeto e se concretiza no elo entre o artesão e o designer, ressaltando o ato da criação”, define. Com referências da arquitetura escandinava, o espaço valoriza as texturas e o uso de materiais naturais, como pedra e madeira que promovem conforto e bem-estar. O uso de luzes de LED e a abundante iluminação natural reduzem o consumo energético e trazem conforto visual.
Catê Poli e João Jadão – Rooftop CASACOR
Inspirado nos beach clubs rústicos de Mykonos, Tulum e Trancoso, o espaço de 224 m² nasce para trazer um clima de férias de verão pós-pandemia. “Criamos um lugar para o visitante usar, descansar, curtir o céu, admirar a vista e ter um pouco da sensação de esperança de que a pandemia está acabando”, revela a arquiteta paisagista Catê Poli, que assina o ambiente com o paisagista João Jadão. A dupla optou por espécies de plantas adaptadas ao clima e que não exigem muita água, além disso, após o evento, todos os materiais serão reaproveitados integralmente.
Érica Salguero – Espaço Kairós
A nova rotina pós-pandemia e o deus grego do tempo oportuno, Kairós (aquele que não é baseado em horas e sim em momentos de relaxamento e felicidade), são a grande inspiração da arquiteta na suíte master com sala de banho e home office, de 68 m². Na contramão do agito urbano, ela apresenta um ambiente que privilegia os sentidos, o bem-estar, as referências afetivas, a gratidão e o resgate da qualidade de vida. Madeira e palha naturais, além da paleta de cores suaves, estão entre os destaques.
Ana Weege – Living Galeria Perspectiva
Para marcar sua estreia na mostra, Ana Weege desenvolveu seu projeto inspirando-se nos elementos da natureza e em suas formas orgânicas. No terraço sensorial, acomodada sobre o cocho feito de areia, uma esfera de 50 quilos de quartzo hematóide (pedra da cura) evoca saúde. Obras do artista plástico Gian Luca Ewbank, instaladas no piso do hall galeria, conduz os olhares atentos dos visitantes. O sofá Marc desenhado por Ana Weege, faz parceria com o aparador bar, assinado por Gustavo Bittencourt e com a poltrona Fartura, de Tiago Curioni.
Weiss Arquitetura – Café Petra
Pedra e madeira são os protagonistas e a inspiração fundamental no ambiente de 61 m² que recebe a Dona Deola, criado pelos arquitetos Barbara Carvalho e Tide Junqueira. “Voltamos às origens tanto nos materiais quanto nas referências da arquitetura afetiva das casas do Brasil antigo, dos nossos antepassados”, conta a dupla. Ladrilho hidráulico, mobiliário orgânico e o muxarabi de madeira reforçam o aconchego e as memórias, junto às obras das artistas Lelli de Orléans e Bragança e Lorena Leão.
Caio Bandeira e Tiago Martins – Sopro Orgânico
O loft de 110 m² se destaca por suas curvas, texturas, formas irregulares e pelo uso de materiais naturais, como o mármore canelado. No projeto desenvolvido por Caio Bandeira e Tiago Martins, do escritório Architects+Co, o espaço foi dividido em um amplo lounge com quarto, closet, banheiro e uma cozinha em conceito aberto. “Unindo soluções modernas, olhar atento às tendências mundiais e a inspiração da natureza, criamos um lugar cosmopolita e urbano, envolvido pelo verde”, explicam os profissionais.
Très Arquitetura – Aconchegos Portinari
Assinado pelas arquitetas Fernanda Morais, Fernanda Tegacini e Nathalia Mouco, o projeto ocupa uma área de 200 m². A escolha assertiva e equilibrada dos elementos naturais aliados às cores neutras resultou em um ambiente acolhedor e confortável. De forma inovadora, as profissionais apresentam outros jeitos de aplicação para os produtos cerâmicos da Portinari como o uso das lastras no pórtico e porta de passagem e a cerâmica no padrão marmorizado para revestir as paredes. Para economizar energia, toda a iluminação do espaço é de led com automação e a ventilação natural dispensa o uso de ar condicionado.
Renata Florenzano – Espaço Terra Brasil
Uma caixa de madeira (cumaru laminada certificada) reveste piso, paredes e forro, acolhendo os visitantes da sala de jantar que traz a brasilidade elegante proveniente da simplicidade dos materiais e da qualidade do design nacional. “Quis mostrar essa sofisticação aconchegante que vem da nossa flora tão rica”, conta a designer de interiores. Mobiliário com linhas arredondadas, couro sustentável e o painel de madeira reaproveitada (assinado por Heloisa Crocco) reforçam a proposta da casa original.
Henrique Freneda – Eternidade por um Fio
Inspirado em Karim Rashid, o designer de interiores investe em formas orgânicas para definir a marcenaria e o mobiliário de sua sala de estar. As paredes arredondadas em madeira ripada que toca o teto (com iluminação que lembra os raios de sol) conferem aconchego. Sobre os tons claros, as obras de dois artistas dão um colorido ao ambiente: de Eternidade por um Fio dá nome ao espaço de 33 m², e com resíduos de minérios, Rosa Ferrari marca presença com a tela Das Gerais.
Luciana Paraiso Arquitetura – Livraria
Um gazebo de estrutura metálica coberto por vegetação aromática surpreende os visitantes e marca a entrada da livraria inspirada nas memórias afetivas das arquitetas e sócias Luciana Paraiso e Luisa Pernet. Com 52 m² e um forro que desenha três abóbadas no pé-direito duplo, o ambiente tira proveito do momento recente delicado, em que ficamos mais em casa, para resgatar o prazer de hábitos como a leitura, em um espaço que exala contemplação e sensação de estar em casa.
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