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As tendências da arte para o ano de 2023

Em entrevista exclusiva para o Blog Bossa Nova, o curador e galerista da Nonada, Paulo Azeco, explica o que podemos esperar das tendências no pós-pandemia e reforça o olhar plural para o ano que se inicia

Perto do início da pandemia, o grupo de pesquisas americano, Brookings Institution, estimou que a indústria criativa estava a caminho de sofrer uma perda em vendas de mais de US$ 150 bilhões apenas nos Estados Unidos, com os setores de artes cênicas e artes plásticas sendo os mais atingidos. Certamente, olhando para trás, não há dúvida de que a pandemia atingiu duramente a comunidade artística.

No entanto, com o retorno da economia e das relações como já conhecemos, a arte fez seu trabalho como o termômetro da humanidade e nos colocou frente a frente com novos olhares estéticos que passam por todos os segmentos.

Para Paulo Azeco, curador, produtor cultural e galerista da Nonada, no Rio de Janeiro, cada dia que passa o mundo possui menos tendências. “Vivemos num mundo em que tudo é possível e que as pessoas consomem todo tipo de arte. A dinâmica de produção do Brasil e do mundo é gigante. Falar sobre tendência, ainda mais no campo da arte, é muito complicado. Estamos vivendo um momento muito plural e isso é incrível”, aponta.

Galeria de arte NONADA

Pensando nisso, o que esperar da arte em 2023? Confira abaixo a entrevista completa com Paulo Azeco, concedida com exclusividade para o Blog da Bossa Nova Sotheby’s.

1- É possível dizer de onde nasce uma tendência ou quem as estabelece?

Hoje em dia existem pesquisadores nessa área que estudam as tendências e que basicamente formatam o que as pessoas vão ver, mas isso é uma coisa já meio programada. Eu acredito muito naquela questão do zeitgeist, que são aquelas pessoas que são meio que antenas e que captam o que está vindo por aí. Tem algumas pessoas com essa facilidade de entender as tendências ou até mesmo de formá-las e construí-las.

2- Seguindo esta linha, é possível dizer que a arte pode ser exportada ou importada?

Depende de qual linha que estamos falando. A arte se internacionalizou, então é normal ter exposições de artistas brasileiros na Europa, por exemplo. 

Agora, se falamos sobre estilo e estética, eu não acho que isso é algo que pode ser exportado ou importado, até porque com o acesso à internet todo mundo vê de tudo. Hoje em dia tudo pode ser visto, tudo pode ser copiado, tudo pode ser programado.

3- O que o Brasil abriga de tendência na Arte atualmente?

Podemos dizer que o Brasil é uma tendência na arte mundial. As pessoas estão com os olhos virados para cá, porque estamos vivendo um momento de visualizar e dar voz para as minorias, ou seja, para pessoas que não tinham a sua arte vista, como é o caso da arte queer, da arte travesti, a arte que envolve reflexões raciais e arte indígena. 

Podemos inclusive afirmar que isso é uma tendência no mundo e não só no Brasil.

4- O que você pode indicar como uma grande tendência de comportamento em relação à arte nos últimos tempos, tanto no Brasil como no mundo?

Como eu disse, a valorização de artistas politizados e que possuem questões atentas a contemporaneidade é a tendência da atualidade. Estamos vivendo a era da arte muito ligada às pessoas que foram suprimidas durante toda história da arte.

5- Quais são as apostas para os próximos passos da arte brasileira? Seja na pintura, na arquitetura, em design etc.

Isso é muito complicado. Não podemos fazer aposta. Como eu disse, a arte é algo orgânico em todos os aspectos, são coisas que vão aparecendo. Na parte de arquitetura e decoração, eu acho que a questão de viver bem e com mais conforto é o fator mais priorizado.

Na pintura, talvez, eu vejo um esvaziamento no figurativo que tomou conta da pintura dos últimos anos e uma possível volta do abstrato.

6- A estética do metaverso, ou seja, aquele olhar mais futurista presente nas mais recentes tendências visuais, preocupa o olhar clássico ou surge como uma reinvenção da arte moderna?

Não acho que preocupa o olhar clássico e nem é uma reinvenção moderna. É apenas uma outra estética, um novo olhar. 

O olhar clássico se manterá e também não é uma reinvenção, é algo novo e veremos com o tempo o desdobramento disso.

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