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A nata das coleções de níveis médio e alto alavancam o mercado de arte

Enquanto coleções de alto nível seguem dominando as vendas, o mercado de artes enfrenta uma reinicialização pós-pandêmica, com leilões de renome mundial e um interesse crescente por obras de valor exclusivo

“Nós esperamos ver grandes coleções patrimoniais chegarem ao mercado em maior volume na próxima década”, diz Mari-Claudia Jiménez, líder de desenvolvimento de negócios globais na Sotheby’s
Enquanto o mercado de artes está passando por uma reinicialização – depois de a demanda da era pandêmica levou vendas a 016,4 milhões de dólares em 2021 e 15,9% bilhões em 2022 – coleções de alto nível continuam vendendo a preços altos.

“Nós esperamos ver grandes coleções patrimoniais chegarem ao mercado em maior volume na próxima década, e conforme elas chegam, essas vendas vão dominar o mundo da arte como momentos de reunião singulares em que colecionadores terão a rara oportunidade de adquirir obras importantes ainda frescas no mercado, por estarem fora dos holofotes há décadas – se não gerações” diz Mari-Claudia Jiménez, Líder de desenvolvimento de negócios globais na Sotheby’s. “Mais do que nunca, estamos presenciando o poder patrimonial incentivar colecionadores a aprender sobre artes através dos olhos de outros colecionadores renomados, assim como se inspirarem em suas histórias.”

Leilões de nomes famosos são um sucesso

Em setembro de 2023, Sotheby’s apresentou Freddie Mercury: A World of His Own, um leilão em seis partes que mostrou uma coleção valiosa de artes visuais, figurinos, vestimentas, instrumentos musicais, rascunhos de letras escritos a mão, artes decorativas e mobília, além de itens pessoais do falecido líder da banda Queen. No total, 150.000 pessoas visitaram a exposição feita ao redor do mundo, com leilões atraindo 41.800 lances entre 1.406 lotes. A coleção foi completamente vendida, com quase 99% dos lotes sendo vendidos por um valor acima do esperado, com um total combinado de £40.000.000 (US$50.400.000), em contrapartida com a média estimada de £7.600.000 a £11.300.000 – um recorde para coleções desse porte. Licitadores vieram de 76 países, e mais de 85% estavam participando de um leilão da Sotheby’s pela primeira vez.

Entre os momentos mais emocionantes estão o recorde batido pela venda de um dos pianos do compositor (o Yamaha Grand Piano de Mercury, por 2,2 milhões de dólares); o preço atingido pelo manuscrito autografado com o rascunho da letra

de “Bohemian Rhapsody” (1,7 milhões de dólares); o recorde quebrado por uma peça de joalheria pertencente a uma estrela do rock (Silver Snake Bangle, por US$881.717), e o preço bombástico oferecido pelo pente de bigode de prata que pertenceu a Mercury, da Tiffany & Co. (US$196.853).

Grandes vendas a nível médio; no topo, menos vendas, mas alto interesse

Apesar de alguns compradores receberem a “volta ao normal” pós-pandemia como sinal de redução de preços, no complexo e altamente segmentado mercado de artes visuais pode ser irreal apoiar-se em tendências de preços generalizados, diz Jiménez.

Em termos gerais, Sotheby ‘s viu os resultados de vendas terem uma leve queda em 7% no início de 2023, em comparação com a queda de 23% e 40% das casas de leilões Christie’ se Phillips, respectivamente.

Vendas gerais mais brandas na primeira metade de 2023 se deram principalmente por uma redução de 51% no setor mais influente do mercado (com vendas de 10 milhões de dólares ou mais), enquanto vendas de obras menos valorizadas atingiram seu auge no ano passado. Elas foram de 14% em maio de 23 para obras valendo entre 1 e 10 milhões de dólares, para 18% no seguimento de obras valiam entre US$100.000 a US$1.000.000, de acordo com a Artnet. Foi uma reviravolta em relação a 2022, quando as vendas no setor mais alto do mercado cresceram repentinamente para quase 5 milhões de dólares, o nível mais alto em mais de cinco anos, enquanto as vendas diminuíram a nível médio, mostram os dados da Artnet.

Menos obras estão sendo vendidas publicamente, mas aquelas que incitam animação entre compradores, particularmente no segmento de obras por 15 milhões de dólares ou mais conhecido como mercado de obras primas, Jiménez diz “Ainda estão presenciando um mercado ativo para obras nesta alta faixa de preços que chegam até 40 milhões ou mais, com mais de quatro lances por lote. É um crescimento de quase 30% em relação a 2022.”

Mais lances, é claro, levam a uma pressão contínua no preço. “Cada lance adicional num leilão leva a um aumento no preço do martelo de 25% a 30%, então ter quatro lances é ideal para maximizar o valor”, diz Jiménez.

A venda da famosa obra de Gustav Klimt, “Lady With a Fan” alcançou esse ideal no leilão de Londres da Sotheby’s em junho de 2023 com um preço em torno de 108 milhões de dólares, o maior já conseguido por uma venda pública na Europa, e o preço mais alto já registrado por uma das obras do artista Austríaco.

Luxury Outlook Report

O preço mínimo previsto para a obra, que mostra uma mulher de ombros nus envolta em um robe exuberante, era de 80 milhões de dólares – mas após dez minutos de lances, a oferta de Patty Wong, assessora de arte em Hong Kong, fechou o negócio.

A venda da obra de Wassily Kandinsky, Murnau com Igreja II, também bateu o recorde do artista em março de 2023, sendo vendida por US$45.000.000.

E mais recentemente, as vendas modernas e contemporâneas da Sotheby’s em novembro de 2023 viram 27 obras serem vendidas por mais de 10 milhões de dólares – uma das semanas mais extraordinárias para a casa de leilões – indicando uma recuperação no setor mais alto.

“Quando obras desse calibre entram no mercado, elas são oportunidades únicas, então as pessoas tendem a aproveitá-las sem pensar duas vezes, independentemente da instabilidade do mercado e do que está acontecendo como mundo”, diz Jiménez.

No mercado a nível médio (obras valendo entre 5 e 15 milhões), o volume foi alto em 2023, mas os lances não tiveram o mesmo fervor do que a nível alto, comenta Jiménez. “Há muito mais sensibilidade em relação ao preço nesse setor.”

Curiosamente, o mercado dos Velhos Mestres Europeus – obras datadas desde o final do século 13 até o início do século 19 – foi o que melhor se sustentou. Enquanto este mercado tem contado com um prospecto cada vez mais reduzido for anos, ele tende a ser mais estável em tempos incertos.

Entre as vendas mais notáveis dessa categoria em 2023 está o retrato do cãozinho de Marie Antoinette, Pompon, por Jacques Barthélémy Delamarre. O preço de venda estimado estava entre US$3.000 e US$5.000, mas num leilão em maio 15 licitantes fizeram com que o preço final chegasse a US$279.400.

No geral, compradores em 2023 eram altamente seletivos, deixando algumas obras sem lances na mesa do leilão, mas ainda assim levantavam o preço de obras raras.

“Qualquer coisa mais mediana ou não tão única não vai ter o mesmo número de lances do que oportunidades de alta qualidade novas no mercado”, diz Jiménez. “Clientes retomaram o foco para a nata do mercado de artes.”

Confira o relatório completo da Luxury Outlook, traduzido pela Bossa Nova Sotheby’s.

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