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Veículos de alta performance: Como funciona uma oficina de carros premium

Em entrevista ao Blog da Bossa Nova, Pedro Costa, CEO do Grupo Stradale conta como criou a Stradale Car Service, espaço no qual aposta em um conceito que rompe com os padrões de oficina mecânica tradicionais

Pensando em ser muito mais do que uma oficina de carros premium e disponibilizar opções de conforto e bem-estar aos clientes, a Stradale Car Service, localizada na região da Cidade Jardim em São Paulo, apostou em conceito, estética e um DNA disruptivo para o público.

E por falar em DNA, esse foi o fator decisivo que levou o empresário Pedro Costa a tirar a empresa do papel. Em 1950, seu avô fundou a rede Caçula de Pneus, uma das maiores varejistas aqui do Brasil, chegando a ter até 42 pontos de venda próprios. Nascido e criado no ramo automotivo, Pedro trabalha com carros desde os 16 anos na empresa da família e foi nesta idade que começou a desenvolver o olhar para o segmento premium. 

Em entrevista ao Blog da Bossa Nova Sotheby’s, o fundador da Stradale reflete sobre sua trajetória, a fama da Stradale Experience, o mercado de carros esportivos no Brasil, lifestyle e os principais cuidados para manter o automóvel dentro de casa. Confira.

Como começou sua trajetória nesse ramo?

A minha família nasceu no ramo varejo automotivo. Meu avô fundou em 1950 a rede Caçula de Pneus aqui em São Paulo. Chegamos a ter 42 lojas próprias, então meio que nasci dentro desse universo de serviço automotivos. Para mim nunca foi muita novidade. 

Então comecei a trabalhar muito cedo, desde os meus 16 anos na empresa da família. Eu entrei aqui como um funcionário e não o filho do dono, então eu tive realmente que criar uma história ali dentro e criar um uma bagagem que eu não tinha na época, e desde então já identifiquei que existia uma carência no segmento premium ao comparar com o mercado com os Estados Unidos.

Aqui no Brasil o mercado de aftermarketing está muito centralizado em oficinas independentes, então eu enxerguei ali uma oportunidade de prestar o serviço diferenciado para esse público. Comecei a focar nisso quando eu entrei aos 16 anos. Criei um departamento de alta performance lá dentro direcionado para esse segmento.

E quando você faz alguma coisa que ninguém nunca fez, um departamento que nunca existiu, o resultado vem, e vem muito rápido, então logo a gente começou a ver um crescimento muito grande da empresa.

Com a Stradale, a história começa em 2018. Desde então esse trabalho aparece com viés de marca não de oficina. Então eu queria criar uma marca forte e disruptiva começando na escolha da localização. A matriz fica na Cidade Jardim, em um imóvel completamente diferente e fora do comum das oficinas tradicionais, a começar pelo piso de mármore travertino todo de vidro, que muitas vezes faz repensar que se trata de uma oficina. Mas de fato, eu consegui traduzir aquilo que eu queria, que era um DNA diferente e de sofisticação. Quando você pensa em oficina, você pensa o quê? Em um lugar sujo e com óleo no chão. A Stradale vem nesse nicho para ser o diferencial.

Quais serviços são oferecidos na Stradale? O que você passa na consultoria dos seus clientes durante o atendimento?

Um dos nossos pilares é ser uma oficina one stop shop, ou seja, um lugar onde você consegue ir e resolver todos os seus problemas.

Antigamente, eu observava muito uma demanda com vários stakeholders e o carro ficava indo de um lugar para o outro e às vezes nunca resolvia. A Stradale vem para unificar todos esses serviços e oferecer uma solução omnichannel que resolve todas as demandas dos clientes. Isso vai desde preparação até a funilaria.

Seu perfil de público na maior parte é composto por colecionadores?

Sim e não. Temos uma grande parcela de público que são usuários comuns de veículos premium e importados que precisam de um lugar de confiança e não sabem onde levar.

Como você avalia a venda de carros de luxo desde o fim das barreiras de entrada de veículos no Brasil?

Para se ter uma ideia, o Porsche 911 emplacou mais do que o Jetta GLi nos últimos anos. São números históricos que de fato mostram que o mercado brasileiro está em constante ascensão. Temos um crescimento de dois dígitos por trimestre. A pandemia influenciou muito, porque as pessoas que tinham verba para fazer viagem, acabaram focando no círculo casa do campo e carro, o que contribuiu muito com as vendas.

Pode explicar um pouco mais sobre a Stradale Experience?

O Stradale Experience é um evento de experiência que oferecemos aos clientes amigos. São eventos que acontecem de quatro a cinco vezes por ano, o próximo está marcado para o dia 6 de maio.

Os clientes levam os carros para acelerarem e terem um dia de piloto. Levamos toda a estrutura da Stradale como oficina, além de coaching de pilotagem, pilotos profissionais como Nelsinho Piquet e Felipe Batista para dar uma mentoria de qualidade a esses clientes e ofertar uma experiência inovadora, porque na maioria das vezes eles tem um carro como McLaren ou Ferrari e usam apenas para ir ao restaurante. Durante o evento, esses superesportivos são de fato usados para desempenhar realmente a verdadeira função que os trouxeram ao mundo.

Como você enxerga o mercado de preparação de veículos de alta performance? É um setor cada vez mais exclusivo?

Eu vejo assim: há 20, 30 anos atrás, roda com liga leve era algo que poucos carros tinham, certo? Hoje em dia os carros vêm evoluindo e aparecendo no mercado com mais itens na central multimídia, por exemplo. Assim como o mundo de acessórios também foi evoluindo. Então, acredito que sempre vai ter uma indústria de preparação de acessórios para complementar essa indústria automotiva. Porque no fundo, o comprador não quer ser só o dono de um Porsche 911. Ele quer ter um Porsche 911 com kit de escapamento com uma película protetora. Então isso tudo vai agregando e tornando um mercado crescente.

Quais os principais desafios deste segmento?

Eu acho que o desafio é você ter marcas boas no seu portfólio que você possa contar, além de soluções eficientes para o cliente para que ele possa confiar naquilo que você está vendendo. Existem muitas ofertas ruins pelo mercado que não valem a pena.

Um dos principais fatores para quem escolhe um carro exclusivo está nos diferenciais e segurança que o automóvel oferece? 

Não somente. Eu acho que cada cliente tem um perfil e cada carro entrega um objetivo.

Por exemplo, a Ferrari tem uma questão histórica, da marca, de remeter à Fórmula 1, enquanto a BMW é um carro que entrega um outro tipo de solução. Então tudo varia muito de acordo com o que o cliente está procurando. Acho que tem marcas ali que brigam entre si, como Audi, BMW, Mercedes, eles estão pareados em cima das entregas, são carros de alta tecnologia, de muita segurança, mas cada um tem o seu diferencial.

A velocidade final é um fator determinante também?

Não. Já foi um dia. Atualmente ninguém mais leva em consideração quanto o veículo bateu por hora. Às vezes, é o quão rápido ele chega na velocidade final que interessa mais, porque a experiência de sair acelerando é muito melhor do que bater 320 por hora e correr risco em um lugar que é proibido chegar nesse tempo. 

Poderia dar algumas dicas rápidas para o cuidado do veículo em casa?

Em São Paulo, às vezes o pessoal que tem carro esportivo usa uma vez por mês ou duas vezes por mês e deixa o carro sem ligar por muito tempo. Isso é muito ruim, porque o carro pode abaixar a tensão de bateria e hoje os carros são cheios de módulos eletrônicos. Então, quanto mais você usar o carro e deixar ligado para criar uma frequência de uso no motor, melhor.

A segunda dica é o combustível. Tentar não deixar o carro com pouco combustível para não acumular sujeiras no tanque. Terceira dica, já que estamos falando de combustível, é pensar na qualidade. Isso é primordial para você manter o sistema de injeção do seu carro funcionando corretamente.

E por fim, e não menos importante, as revisões preventivas. Infelizmente, o brasileiro tem muito a cultura de deixar para resolver apenas quando algo quebra, não é mesmo? Quando o pneu chega no limite, quando o pneu fura ou quando aparece uma luz no painel. Esse tipo de manutenção dá muito mais dor de cabeça do que realizar a revisão preventiva. 

E claro, sempre procurar lugares qualificados e de boas referências para fazer uma manutenção de confiança. Não falo isso apenas por causa da Stradale, mas porque isso é primordial.

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