O Museu da Cidade de São Paulo recebe a exposição São Paulo Invisível, com curadoria de Alecsandra Matias e coordenação de Henrique Siqueira. A instituição aceita o desafio de apresentar uma mostra com “processo curatorial participativo e visitável pelo público, e por conter, em seus painéis expositivos, os números e as histórias que se relacionam com eles, construídos como intervenções artísticas. Com essa proposição, assumimos a abertura da exposição com os painéis vazios, como lousas a serem riscadas com o conteúdo que emergir das conversas entre curadoria e convidados”, explica Henrique Siqueira.
A curadoria da São Paulo Invisível possui uma sala de escuta – o Laboratório dos números – com mesas de debates em datas definidas, sobre temas diversos, cujas informações, em números, contribuirão para a forma da mostra, para a reflexão e para dar visibilidade a estes grupos sociais – construção de conteúdo se dá no decorrer da mostra. Painéis criados por artistas, em diferentes linguagens, nascerão conforme o desenrolar dos encontros retratando presenças de uma cidade real, não pré-idealizada, tanto individuais como coletivas, que se recusam a desaparecer no tempo.
“Por pertencer a uma categoria de museu (“museu de cidade”) que tem a metrópole como objeto de atenção, propusemos olhar para alguns grupos sociais que historicamente se mantiveram desapercebidos pela sociedade e pelo poder público”, explica Henrique Siqueira. A busca da curadora e pesquisadora Alecsandra Matias é pelo retrato e registro real da cidade, sempre descrita por números, cifras, estatísticas e percentagens grandiosas que contam histórias, mas podem não registrar um grande segmento da população que foge ao padrão da base de cálculo das políticas urbanas – um grupo de invisíveis que ainda resistem. A função primordial dos ciclos de encontros do Laboratório dos números é o de justamente conhecer quais são os registros reais que mostram a presença ou a ausência desses “invisíveis” da cidade, quais histórias por trás dos números. “Os pesquisadores, artistas e agentes convidados trazem experiências e relatos que podem mudar conceitos endurecidos. As ideias, os fatos, os dados de pesquisas discutidos a cada encontro colocam a história oficial versus as polifonias mnemônicas”, diz a curadora.
São temas em discussão atualmente que passam por negros, índios, temáticas de gênero, refugiados, desabrigados, e outros tantos que apresentam desafios. Os seis encontros programados terão grupos envolvidos com as temáticas tanto de reconhecimento como pertencimento. As obras de arte – painéis – criados in loco pelos artistas convidados, serão resultados dessas discussões, cada um com linguagem própria de cada criador. “São intervenções motivadas por repensar os temas e nos trazer a visualidade dessa cidade resistente”, explica Alecsandra Matias.
Findos os encontros e concluídos os painéis, “São Paulo Invisível” propõe uma questão: é possível a escrita de uma história na qual caibam os plurais? Responde a curadora: “Difícil pergunta! Mas, creiam! Estaremos mais próximos da descoberta de uma nova versão de cidade”.
Agenda – Palestrantes e artistas
Mesa 1 –- Negro, cadê seu lugar?
Deri Andrade, Preta Rara e Prof. Dra. Gislene Aparecida dos Santos
Criação do painel: Junião
Mesa 2 –- Ser índio hoje
Prof. Eva Aparecida dos Santos, Carlos José Ferreira dos Santos e Marília Xavier Cury
Criação do Painel: Morara Brasil
Mesa 3 — Masculinidade, heterossexualidade compulsória e eurocentrismo
Marcela Tiboni, Casa 1 com Bruno O e Amara Moira
Criação do painel: Laura Guimarães
Mesa 4 -– Êxodo, imigração e refugiados
Rose Satiko Hikiji, Duda Porto de Souza e Maria Luiza Tucci Carneiro
Criação do painel: Gil Duarte e Binário Armada
Mesa 5 — Às margens do acesso
Andrea Paula dos Santos Kamensky, Padre Júlio Lancellotti e Marcelo Batista Nery
Criação do painel: Alan Fujito
Mesa 06 –- Memórias apagadas: vila, cidade e metrópole
Percival Tirapeli, Giselle Beiguelman e Raquel Glezer
Criação do painel: Helena Kozuchowicz e Paulo von Poser
Exposição: “São Paulo Invisível”
Curadoria: Alecsandra Matias
Coordenação: Henrique Siqueira
Palestrantes: Percival Tirapeli, Giselle Beiguelman, Raquel Glezer, Prof. Kabengele Munanga, Preta Rara, Carlos José Ferreira dos Santos, Marília Xavier Cury, Heloisa Buarque, Casa 1, Amara Moira, Duda Porto de Souza, Maria Luiza Tucci Carneiro, Paula dos Santos Oliveira Kamensky, Pe. Júlio Lancelotti, Marcelo Batista Nery
Artistas: Junião, Laura Guimarães, Morara Brasil, Gil Duarte, Binário Armada, Alan Fujito, Helena Kozuchowicz, Vitor Cesar e Paulo von Poser
Local: Solar da Marquesa de Santos/Museu da Cidade de São Paulo
Endereço: Rua Roberto Simonsen, 136|| Sé, São Paulo-SP
Instagram: https://www.instagram.com/saopauloinvisivel/
Até 29 de novembro de 2020
Horários: Terça a domingo, das11h às 15h
Programação livre – entrada franca