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Expatriados no Brasil: criando empatia por nosso país

Um executivo estrangeiro é transferido para trabalhar no Brasil e, mesmo que tenha se preparado em seu país de origem para a grande mudança, o choque ao chegar por aqui é inevitável. Os conhecidos problemas de segurança e de burocracia podem assustar, mas são as diferenças culturais, vivenciadas na prática, o grande desafio à adaptação.

Pesquisa anual de tendências da mobilidade global feita pela BGRS, focada na gestão de talentos ao redor do mundo, posiciona, há 10 anos, o Brasil como o segundo país que mais oferece desafios de adaptação aos expatriados. A liderança é da China.

“Entender o comportamento dos brasileiros é um processo que pode durar todo o período da expatriação”, afirma Mariana Barros

sócia-fundadora da Differänce Intercultural consultoriaespecializada em ajudar expatriados. Ela também lidera a SIETAR Brasil (Society for Intercultural Education, Training and Research). “O tempo-chave são os primeiros seis meses. Em geral, quem supera este período se integra”.
A comunicação, segundo Mariana Barros, é a principal barreira cultural, porque muitos brasileiros não falam inglês. E mesmo o português, quando aprendido pelos estrangeiros, tem suas complexidades. O brasileiro diz ‘já estou chegando’ quando ainda está saindo para o compromisso, tem dificuldade em falar “não”, e tudo isso confunde os estrangeiros. “Gera incerteza, ambiguidade, dificuldade em confiar”, conta.

A informalidade dos brasileiros é outro obstáculo importante. Um beijo no rosto em um evento profissional ou na despedida de um e-mail parece estranho quando a relação é entre pessoas desconhecidas ou com pouca intimidade. A ausência de regras de etiqueta, seja no trabalho ou em um churrasco, causa igualmente desconforto nos expatriados.

E como lidar com estes desafios? “O foco é gerar nos expatriados empatia por nossa forma de ser, pelos nossos valores”, explica Mariana. “O estrangeiro precisa entender que o comportamento dos brasileiros não significa que eles sejam não-confiáveis, malandros ou desorganizados”. A consultora utiliza a história do Brasil para explicar a construção de nossos valores.

A presença da família do expatriado no Brasil é fundamental. “Digo que a diferença de desenvolvimento entre os Estados Unidos e o Brasil é que os portugueses não trouxeram a família”, brinca Mariana. As vantagens dos entes queridos no Brasil vão da estabilidade emocional à ausência da saudade. “É ter uma vida, de fato, no Brasil. É um vínculo mais forte com o local”.

O venezuelano Julian Nebreda, presidente do grupo energético norte-americano AES no Brasil, reforça a avaliação de Mariana. “Em qualquer lugar, o mais difícil é a adaptação cultural, o que inclui comunicação e condutas sociais”, atesta. “Esta adaptação é essencial para tornar o dia a dia do expatriado mais efetivo, formar uma rede social e para desfrutar das comodidades que um novo lugar sempre oferece”.

Além do Brasil, Nebreda acumula experiências como expatriado nos Estados Unidos, República Dominicana, Panamá, Reino Unido e Holanda. E qual dica ele daria aos expatriados menos experientes que chegam ao Brasil? “É preciso chegar ao país com a mente aberta, disposto a aprender uma nova cultura, suas histórias, sua culinária, seu folclore, buscar conhecer pessoas. É ver o mundo com olhos diferentes”, receita.

Apesar das dificuldades, há recompensas, como o calor humano. Nebreda revela que os brasileiros querem se relacionar, são educados e se esforçam para ajudar o estrangeiro a se sentir confortável no país. “Ter vivido em sete países, incluindo o meu próprio, foi uma benção em minha vida”, finaliza.

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